O exercício físico e a prevenção de quedas em idosos
As projeções oficiais indicam que em 2050 a população idosa na União Europeia deverá chegar aos 129,8 milhões. Este cenário desafia a nossa sociedade a proporcionar uma melhor qualidade de vida a esta faixa da população. Para além de viver mais, é preciso viver melhor.
Uma das dificuldades para manutenção da qualidade de vida da população idosa está relacionada as quedas. Quando ocorrem podem ter consequências graves a nível físico e psicológico. Lesões, fraturas, hospitalizações, alteração no comportamento e mobilidade, medo de cair novamente, restrição das atividades, declínio funcional, institucionalização, e até mesmo a morte, são algumas destas consequências.
Por que caem os idosos?
Vários são os fatores que podem provocar quedas. Dentre aqueles que são conhecidos como fatores instrínsecos (relacionados com o indivíduo) destacam-se as pessoas do sexo feminino, episódios anteriores de queda, problemas na marcha ou na visão, osteoporose, hipotensão ortostária ou a inatividade física. Os fatores extrínsecos (externos ao indivíduo) são aqueles que podem ser mais facilmente modificados, como o uso de calçado inadequado, piso escorregadio ou iluminação inapropriada. O consumo de alguns tipos de medicação também pode ser um fator de risco.
Que questões de saúde estão relacionadas as quedas?
Algumas doenças crónicas podem aumentar o risco de quedas. É o caso da sarcopenia (diminuição da força e massa muscular) e da osteoporose (diminuição da massa óssea), que aumentam o risco de fratura dos ossos, principalmente a anca e a coluna vertebral. Ambas podem ser evitadas e tratadas com a prática regular de exercício físico.
Como prevenir as quedas?
Os estudos indicam que o risco de quedas pode ser reduzido em 16% a 50% modificando alguns fatores de risco. Por exemplo, ter cuidado com o ambiente doméstico, que é o local onde as quedas ocorrem com mais frequência. Ter cuidado com os tapetes, ter apoios na casa de banho e cuidar da iluminação são pontos a ter em atenção. Para além disso, ser mais ativo, ter mais força e equilíbrio é igualmente essencial. Para avaliar os riscos e atuar com mais eficácia na prevenção é necessário um acompanhamento multidisciplinar e uma avaliação médica inicial.
Que profissionais podem auxiliar na prevenção das quedas?
Para além da avaliação do médico de família, outros profissionais podem ser fundamentais. É o caso dos fisiologistas do exercício que são profissionais com formação especializada e habilitados para avaliar o idoso e atuar com o exercício físico tanto na prevenção das quedas, como na reabilitação, após um episódio de queda. O Instituto Piaget de Almada contribui na capacitação destes profissionais com a oferta do mestrado em Exercício e Saúde.
Como é o trabalho do fisiologista do exercício?
O trabalho do fisiologista do exercício envolve: (1) a avaliação feita em diferentes momentos; (2) a prescrição do treino; e (3) o acompanhamento durante as sessões de treino. As sessões de treino podem ser individualizadas ou em grupo, mas sempre adequadas a cada realidade. Em geral, os treinos envolvem trabalho de equilíbrio estático e dinâmico, treino de propriocepção, trabalho de dupla tarefa e treino de força muscular, podendo acrescentar-se o treino aeróbio.
Em quanto tempo se podem notar os efeitos do exercício?
Os efeitos do exercício podem ser notados logo após a primeira sessão, com o aumento do bem-estar e sensação de prazer. Mas é com a prática continuada, com frequência e volume bem estabelecidos que os efeitos passam a ser mais significativos. É esperado um aumento da força muscular, melhor equilíbrio, mais eficácia na realização das atividades diárias e menor sensação de fadiga e cansaço. O importante é persistir, pois só assim é possível diminuir o risco de quedas e, por consequência, viver mais e com melhor qualidade de vida.
Priscila Marconcin
Coordenadora do Mestrado em Exercício e Saúde.
