Entrevista ao Coordenador da Licenciatura de Engenharia de Petróleos

Entrevista ao Coordenador da Licenciatura de Engenharia de Petróleos

Prof. Paulo Carmelo, como definiria, em poucas palavras, o curso que coordena – a Licenciatura em Engenharia de Petróleos – Ramo Refinação, do Instituto Piaget?

É uma licenciatura de base generalista em Química, Engenharia Química e Processos Industriais, com uma forte componente de Refinação de Petróleos e Petroquímica.

 

O que torna, então, esta licenciatura única no nosso país?

Precisamente o facto de ser a única em Portugal no domínio da Engenharia da Refinação, Petroquímica e Química. Isso e o facto de conferir acesso à Ordem dos Engenheiros Técnicos.

 

Qual é o perfil dos alunos deste curso?

Quando o ciclo de estudos iniciou o seu funcionamento, em Santo André, houve uma maior procura por parte dos funcionários das empresas petroquímicas da região de Sines, decorrente das necessidades de formação existentes nesta área específica.

Contudo, o perfil dos alunos tem vindo, sucessivamente, a alargar-se, compreendendo hoje estudantes de diversas proveniências, e até com uma forte componente internacional.

 

E como se explica essa procura alargada? Pelo fator da empregabilidade?

Sem dúvida. O plano de estudos da licenciatura está modelado com o objetivo claro de permitir uma rápida inserção no mercado de trabalho.

Primeiro, porque as próprias áreas do curso possibilitam uma elevada empregabilidade e mobilidade, a nível nacional e mundial; e depois, porque as competências que cria oferecem um leque alargado de saídas profissionais, que não se restringem, única e exclusivamente, ao Ramo dos Petróleos, mas habilitam também para a prática laboral noutras indústrias químicas.

 

Nesse caso, o mercado de trabalho estrangeiro torna-se mesmo uma hipótese viável para quem conclui o curso?

Sim, porque estes estudantes sabem, à partida, que irão encontrar um mercado de trabalho europeu e mundial muito recetivo às suas qualificações.

Aliás, o facto de o mercado de trabalho estrangeiro ser uma hipótese viável é demonstrado pelos contactos de muitas empresas estrangeiras que tomam conhecimento da existência do ciclo de estudos e começam a contactar o Instituto Piaget para recrutar diplomados.

 

A Escola Superior de Tecnologia e Gestão, do Instituto Piaget (onde é lecionado o curso), foi recentemente transferida de Santo André para Almada. Quais as consequências desta mudança?

A mudança para Almada – onde, de resto, o Instituto Piaget já tinha um Campus Universitário – foi considerada essencial para manter e reforçar o projeto educativo, científico e cultural da Escola.

 

Porquê? Quer dar-nos um exemplo?

Por exemplo, será agora possível o reforço e consolidação do corpo docente, mantendo os especialistas da indústria química e petroquímica que têm lecionado no curso, mas acrescentando outros, da área metropolitana de Lisboa, que detenham fortes perfis académicos e de investigação científica.

 

Referiu o corpo docente. Como o caracteriza?

O Instituto Piaget conta com professores especialistas que trabalham na indústria e que trazem para as suas aulas, inevitavelmente, os exemplos práticos do seu dia-a-dia, o que permite complementar, em sala de aula, as componentes teórica e prática, com a resolução de problemas reais em contexto industrial. É outra mais-valia desta Licenciatura.

 

E como são os estágios?

O atual plano de estudos inclui estágio curricular ou Projeto Químico. A inclusão do estágio no plano de estudos permite dinamizar as relações com as unidades industriais e possibilitar a integração dos estudantes em pequenos projetos de investigação desenvolvidos em parcerias com estas unidades. A permanência em ambiente empresarial confere aos estudantes uma mais-valia que se refletirá nas competências adquiridas, potenciando a empregabilidade dos diplomados.

Existe ainda a possibilidade de realização de um Projeto Empresarial em contexto real de trabalho, como alternativa ao Projeto Químico, meramente académico. Os alunos poderão até realizar estágios consistindo na resolução de problemas práticos da empresa onde já exercem a sua atividade profissional (se forem trabalhadores-estudantes) ou de outras empresas.

 

Existem, portanto, parcerias já estabelecidas?

Naturalmente. As parcerias com as empresas petroquímicas da região de Sines, como a Galp e a Repsol, que sempre existiram, irão manter-se e consolidar-se, sendo reforçadas com outras na zona metropolitana de Lisboa.

No âmbito internacional, foram também estabelecidos protocolos de colaboração com a UniPiaget Angola, Faculdade Piaget do Brasil e a Universidade de Cork, na Irlanda, os quais têm como principais objetivos promover a realização de projetos conjuntos, o intercâmbio de docentes e estudantes e, como é óbvio, a realização de estágios.

 

Para terminar, qual a importância que atribui à existência deste curso, agora localizado em Almada?

É indiscutível a enorme importância que esta licenciatura tem para a zona onde se insere e para a própria indústria portuguesa, quer pela sua inovação, como pela oportunidade única de formação de quadros altamente especializados, numa indústria tão estratégica como a petroquímica.