Celebrar a vida escolar no Dia Nacional do Estudante
A 8 de maio de 1987, a Assembleia da República estabeleceu o dia 24 de março como Dia Nacional do Estudante. Tendo como objetivos “o estímulo à participação dos estudantes na vida escolar e da sociedade” e a “cooperação e convivência entre os estudantes”, este decreto vem dar aos estudantes a voz que, pelo menos, desde 1962 vinham a pedir.
O Instituto Piaget não se esquece desta data e dos seus estudantes, desejando-lhes um dia (e a continuação de um ano letivo) pleno de conquistas na área do conhecimento académico e social, independentemente das contingências colocadas pela atual situação pandémica.
A história deste dia tem alguns marcos determinantes para a vida académica, social e até política. E merece ser recordada, no contexto da nossa vivência comunitária.
Nesta mesma data, em 1962, nasceria um conflito entre os estudantes universitários portugueses e o regime do Estado Novo. Depois da proibição das comemorações do Dia do Estudante, milhares de estudantes realizaram uma concentração na Cidade Universitária, em Lisboa, como protesto às determinações do ministro da Educação. A crise duraria vários meses, levando a greves às aulas, cargas policiais e detenções de estudantes.
No dia 17 de abril de 1969, foi inaugurado o Edifício das Matemáticas, na Universidade de Coimbra. Na véspera, o reitor negou o pedido dos estudantes para terem a palavra durante a cerimónia. Mas, durante a inauguração, o presidente da Associação Académica de Coimbra, Alberto Martins, dirige-se ao Presidente da República, Américo Thomaz: “Em nome de todos os estudantes da Universidade de Coimbra, peço para usar da palavra”. Vendo o seu pedido negado, Alberto Martins coloca-se em pé, em cima de uma cadeira, e faz o seu próprio discurso, oferecendo a palavra a outros estudantes. Nessa mesma noite, acabaria detido.
Um grupo de estudantes exige a sua libertação e é carregado pela polícia. Cinco dias depois, é decretado Luto Académico. Estava aberta a crise académica de 1969 – um período que se alargaria pelo restante ano e que incluiria greves estudantis, um cerco policial à Universidade e o aumento da chamada de estudantes para a Guerra Colonial. Incluiria, também, uma final da Taça de Portugal em futebol, no Estádio Nacional, marcada pelas mensagens de protesto. No final, os jogadores do Académica de Coimbra colocaram a capa aos ombros, em sinal de luto.
Foi também a 24 de março, mas de 1992, que milhares de estudantes do secundário e da universidade saíram à rua em protesto. Nas manifestações em Lisboa, Coimbra, Porto e Aveiro, os estudantes protestavam contra o aumento de propinas, anunciado pelo então Primeiro-Ministro, e a existência da PGA (Prova Geral de Acesso). Os protestos estudantis iriam continuar durante o resto do ano, e alastrar-se-iam a 1993 e 1994. (fonte: Forum Estudante)
Mesmo à distância, fruto da pandemia, o Piaget agradece hoje o sentido de responsabilidade e cidadania revelado pelos seus estudantes na atual fase da nossa vida coletiva, na expetativa de um rápido regresso às aulas presenciais.