Sofia Leite
A Voz do Corpo
Sobre Sofia Leite - tem 48 anos e é mãe de duas filhas adolescentes. Numa procura permanente de entendimento da vida foi atriz de teatro, cinema e dança contemporânea, trapezista, educadora pela arte, fundadora da Escola Verdes Anos e coordenadora pedagógica e artística do projecto. A sede de questionamento interno leva-a à formação como terapeuta de Ribirthing | Breathworks Therapy, Somatic Experience | Healing Trauma e praticante de Mindfulness.
Palestra
"Tudo aquilo que toquei, que me tocou, que acariciei, os... safanões que levei, os ferimentos que vivi, permanecem na memória do corpo. Podemos tentar apagar, desviar, recomeçar do zero, inventar cenários, analisar, anular…Todas elas formas de defesas úteis e dignas à sobrevivência, mas que no decorrer do tempo podem tornar-se forças bloqueadoras que limitam a possibilidade de uma vida mais íntegra."
O Trauma
Quando a experiência é maior do que aquilo que podemos suportar acontece o trauma; quando ficamos enredados na teia do trauma e nos seus sintomas físicos, psicológicos e emocionais, é como se a evolução ficasse impedida por várias vidas, sendo aprofundada a cada repetição traumática. Nem sempre é fácil reconhecer que alguns padrões de comportamento refletem uma situação traumática. A falta de confiança, ansiedade, sentimentos de impotência, apatia, desamparo, humilhação, vergonha, culpa, luto, ataques de pânico, dificuldades de concentração, impulsividade, hipervigilância, insónia, raiva, medo, tristeza, sensação de derrota, traição, resignação, podem espelhar uma situação pós-traumática. Nem sempre são os grandes traumas que destroem a vida. Em geral o que compromete a genética humana são os traumas quotidianos, ocultos na violência estrutural da cadeia do medo e da sensação de impotência que gera a crença na não-possibilidade de ser feliz.
Abraçar a vida
Através de uma escuta ativa e generosa na tomada de consciência das sensações, emoções e pensamentos, de uma forma segura e gentil, permitimos ao corpo redescobrir a sua sabedoria inata, acedendo aos recursos naturais de imunidade ao trauma. No movimento pendular do trapézio há um momento que é único na possibilidade da transformação e da mudança que permite ao trapezista voar e não cair ao chão. Abraçar a vida, é reconhecer o seu movimento bioritímico, a noite e o dia, a alegria e a tristeza, a dor e o prazer, encontrando o momento precioso e único de mudança, numa dança de unidade que nos permite voar.