Formação Pós-Graduada: da realização pessoal à progressão na carreira

Formação Pós-Graduada: da realização pessoal à progressão na carreira

A cada novo ano letivo emergem debates e dilemas sobre a educação em geral, a colocação de professores, as carreiras, o sucesso educativo, os currículos, os rankings e tantos outros temas que invadem professores, educadores, e até estudantes, de questões e inquietações. Acredito, cada vez mais, no papel fundamental das instituições que promovem a formação de educadores e de professores na (des)construção de debates, de um discurso mais otimista e que imprima um gosto honesto por uma profissão que um dia se desejou ter.

Nos últimos anos, as reflexões que se faziam sobre a profissão, o profissionalismo e a profissionalidade docente foram substituídas por tantas outras talvez de impacto social mais notório. No entanto, importa não esquecer todos os percursos formativos para lá da profissão que a possam consolidar, transportar para realidades distintas, enriquecer e proporcionar desenvolvimento pessoal e profissional.

Exemplo destes percursos são as Formações Pós-Graduadas (FPG). A este propósito, levei a cabo um estudo, em 2018, que pretendeu analisar o impacto da FPG nos professores, envolvendo 200 profissionais do ensino público e privado em Portugal, a três níveis: nas salas de aula, nas escolas e nas práticas investigativas e educativas na comunidade. Tratou-se de uma investigação que surgiu numa altura em que se assistia a um aumento exponencial da frequência de cursos pós-graduados (pós-graduações, mestrados e doutoramentos) por professores.

Este estudo revelou que a FPG confere mais-valias no campo do desenvolvimento pessoal, profissional, comportamental, pedagógico e didático, na aquisição de conhecimentos, no desenvolvimento de competências e em mudança de atitudes com implicações nos diferentes níveis de análise e, em última instância, nas aprendizagens dos alunos. Mais do que um desafio pessoal e profissional, a FPG frequentada por professores revelou-se um desafio para as instituições onde estes profissionais desempenham funções.

É imperativo que as instituições de Ensino Superior Politécnico e Universitário continuem a apostar na formação daqueles que fazem das salas de aula os seus palcos de atuação com planos de estudo ambiciosos, com respostas adequadas à profissão e às exigências sociais. Importa não descurar os desafios e a vontade de continuarem a formar profissionais preocupados com a sua profissão, com o seu profissionalismo e com a sua profissionalidade, independentemente de uma busca incessante do cumprimento de requisitos legais para mudanças de funções nas Escolas e Agrupamentos onde trabalham.

Hoje, mais uma vez, imbuídos por uma reflexão de natureza pedagógica e influenciada até pela comunicação que se faz em meios e de formas que vão para lá de contextos educativos formais, informais e não formais, não posso deixar de questionar sobre onde estamos e para onde vamos na formação de educadores e de professores em regime inicial, contínuo e pós-graduado.

É importante não negligenciar a promoção de educação e de formação de qualidade, uma formação com sentido e dando sentido às práticas, aos desafios socioeducativos, burocráticos e pessoais. Desta forma, continuaremos a ter profissionais a frequentar FPG que lhes permitam conjugar a realização pessoal com a progressão na carreira enquanto efeitos colaterais de uma aposta formativa. Uma aposta que trará, por convicção pessoal, a mudança de discursos, de práticas e dinâmicas institucionais que terá, certamente, efeitos positivos nas aprendizagens dos nossos estudantes.


Ana Rita Faria

Coordenadora da Licenciatura em Educação Básica

Coordenadora da Pós-Graduação em Gestão e Administração Escolar

Instituto Piaget – Escola Superior de Educação Jean Piaget de Almada